terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Motas causam estragos em área do Parque Natural de São Miguel

SPEA lamenta destruição causada por motas em turfeiras protegidas

A SPEA lamenta a destruição causada pela passagem ilegal de motas no passado fim de semana numa área de turfeiras protegidas que estão a ser recuperadas através do projeto LIFE Laurissilva Sustentável, implementado pela SPEA em conjunto com o Governo dos Açores. Este projeto trabalha desde 2009 para a recuperação da importante área de turfeiras localizada no Planalto dos Graminhais, área incluída no Parque Natural de Ilha de São Miguel com um dos valores mais altos de proteção e um reservatório natural de água da ilha.

A passagem das motas por esta área sensível destruiu ao longo de algumas centenas de metros, áreas de turfeira já estabilizada e em crescimento, bem como provocou danos em estruturas de terra construídas no sentido de reduzir as escorrências e erosão, aumentando a permanência de água na turfeira, essencial para a sua recuperação. A própria passagem das motas abriu valas em zonas de musgão, em alguns locais com quase meio metro de profundidade, que agora acabam por drenar a água da turfeira. Todos estes danos são acentuados pela época do ano em que as chuvas fortes são frequentes, o que aumenta a degradação provocada e dificulta a reparação dos estragos.



As turfeiras são habitats bastante raros hoje em dia, tendo grande parte das existentes nos Açores sido destruídas ao longo dos séculos de ocupação humana, sendo considerados prioritários pelas directivas nacionais e europeias. Para além da sua importância ao nível da biodiversidade, as turfeiras desempenham um conjunto de importantes funções, muitas delas com um impacto positivo direto na vida das populações. Estas áreas húmidas funcionam como uma esponja, aumentado a captação e retenção da água no solo, reduzindo a sua perda para o mar e permitindo a recarga das nascentes. A libertação gradual da água reduz o regime torrencial das linhas de água, estabilizando o seu regime hídrico e reduzindo as derrocadas que podem provocar elevados prejuízos. São também importantes sumidouros de carbono e por isso importantes na redução dos gases que provocam o efeito de estufa. As turfeiras são também importantes para a filtração da água reduzindo a presença de contaminantes e aumentando a sua qualidade, razão pela qual, por exemplo, as principais marcas de whisky da Escócia e Irlanda utilizam apenas captações com origem em turfeiras e financiam a sua recuperação ecológica em vastas áreas.

O reconhecimento da importância das Turfeiras do Planalto dos Graminhais levou à sua inclusão no Parque Natural de Ilha de São Miguel, bem como a proposta para sua classificação como Sitio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000, classificação essa realizada pelo Governo dos Açores no âmbito do LIFE Laurissilva Sustentável. Estas turfeiras estão integradas na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Tronqueira e Planalto dos Graminhais, uma das categorias de proteção mais elevada.

Luís Costa, diretor executivo da SPEA, refere a importância destas turfeiras em situações de seca como as vividas em São Miguel em 2008 e 2009, “em anos de seca as nascentes mais próximas dos Graminhais são as únicas que mantêm a água, permitindo abastecer as outras freguesias do Concelho do Nordeste”. Nas imediações destas turfeiras estão referenciadas diversas nascentes nos concelhos do Nordeste e Povoação, algumas delas com aproveitamento para as populações locais. É por isso condenável que umas poucas pessoas causem estragos tão grandes numa área com utilidade pública e fundamental para toda a população. E que isso se venha a sentir em maior despesa no orçamento da Região desviando recursos que poderiam ser utilizados em outras áreas.



A equipa de protejo irá agora necessitar de vários dias de trabalho para reparar os estragos já agravados pela chuva que tem caído e que ainda deverá cair nos próximos dias, chuva que irá condicionar certamente os trabalhos necessários. A SPEA considera ainda que é intolerável que em pleno século XXI zonas públicas com benefícios para a sustentabilidade de toda a população sejam estragadas por iniciativa e usufruto de alguns, causando prejuízos ambientais e financeiros à própria Região.

Para Joaquim Teodósio, coordenador da SPEA Açores e do LIFE Laurissilva Sustentável, “os dias de trabalho, quando a chuva permitir, vão ser penosos, pois nesta altura do ano a temperatura do ar e da água estão muitas vezes perto de zero”. O encharcamento de toda a área é também muito maior durante o inverno, o que dificulta muito as ações necessárias. “É importante as pessoas terem consciência de que os seus atos podem ter consequências para outras pessoas e algumas horas de um possível divertimento não podem ser à custa do trabalho de muitas pessoas dedicadas e empenhadas em recuperar uma área com enorme valor para toda a ilha e mesmo Região bem como para o bem-estar e sustentabilidade de toda a população”, conclui o técnico da SPEA.


5 comentários:

Luís Noronha disse...

A minha solidariedade para com este revés causado por autênticos vândalos que não merecem a terra em que nasceram ou vivem.

Anónimo disse...

São atentados desses,que estragam a nossa fauna e plantas endémicas e a paisagem.Mais não digo.Porque há responsaveis por isso.

Anónimo disse...

Vandalos ???? voçê sabe o que são "Vandalos"... "Não merecem a terra em que nasceram" com certeza não sabe do que fala...

Anónimo disse...

Uma Zona que tem "uma das categorias de proteção mais elevada" e nem se quer uma "placa alusiva" identificando tal importância de protecção...??????

Anónimo disse...

E?

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